- Nem é o caso, mas se fosse preciso informações adicionais para ser contra a construção de mais usinas hidrelétricas no Brasil eu as achei no blog ‘‘Se o Povo Soubesse’’, do jornalista e escritor Leão Serva. Nele, um artigo revela que os peixes do rio Madeira estão desaparecendo e, pior, que as causas desse desaparecimento são sistêmicas, ou seja, fruto de uma grande inteFOLHA DE LD
rvenção humana no ecossistema do rio.
Leão Serva cita reportagem segundo a qual os peixes do rio Madeira já sumiram na região do lago da hidrelétrica de Santo Antônio. E que outra hidrelétrica está em construção, chamada Jirau, com danos cumulativos previstos há pelo menos seis anos.
O absurdo de um fato gravíssimo como esse é que a tragédia anunciada tinha sido tema de discussão antes da construção da usina, envolvendo especialistas em clima, hidrografia e em ictiologia (estudo dos peixes). E o que está acontecendo agora, afirma o jornalista, foi previsto em relatórios, ‘‘mas o presidente da República e a ministra da Casa Civil mandaram atropelar os estudos e tocar as obras’’. De no que deu!
E a gente fica por aqui pensando: se Santo Antônio e Jirau provocaram desaparecimento de populações de peixes, o que acontecerá no Madeira – o 17º maior rio do mundo, um dos principais afluentes do Amazonas – com a construção de Belo Monte, uma das maiores, se não a maior obra prevista para aquela região?
É por essas e outras que a gente sempre reforça: essas construções até podem movimentar a economia, gerando empregos e energia para regiões pouco povoadas, mas o custo ambiental é enorme, não compensa a perda gigantesca de biodiversidade que teremos com obras faraônicas como essas.
Precisamos nos desenvolver, sim, mas com o mínimo de impacto ambiental. Precisamos investir fortemente em novas matrizes energéticas, incentivar financeiramente a adoção de energias renováveis, como a eólica. Até podemos ter benefícios a curto prazo com a construção de grandes obras como essas ao longo do rio Madeira, mas a médio e longo prazo o prejuízo é iminente, com a perda de biodiversidade que comprometerá não apenas aquela região específica, mas todo o planeta.
Estamos à beira da Rio+20, a grande conferência da ONU que se realizará agora, em junho, no Rio de Janeiro, para avaliar o que fizemos nos últimos 20 anos (desde a Rio-92) para reduzir as causas do efeito estufa e, sobretudo, o que faremos nas próximas duas décadas, quais metas estabeleceremos. E essa notícia, de desaparecimento de peixes, é um tapa na cara de quem deseja um mundo definitivamente mais sustentável.
Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. Sugestões de temas: fernando@masterambiental.com.br.
MEIO AMBIENTE RESPONSÁVEL - Peixes desaparecem no rio Madeira
Usinas como Belo Monte trarão benefícios a curto prazo e muito prejuízo a longo prazo
Leão Serva cita reportagem segundo a qual os peixes do rio Madeira já sumiram na região do lago da hidrelétrica de Santo Antônio. E que outra hidrelétrica está em construção, chamada Jirau, com danos cumulativos previstos há pelo menos seis anos.
O absurdo de um fato gravíssimo como esse é que a tragédia anunciada tinha sido tema de discussão antes da construção da usina, envolvendo especialistas em clima, hidrografia e em ictiologia (estudo dos peixes). E o que está acontecendo agora, afirma o jornalista, foi previsto em relatórios, ‘‘mas o presidente da República e a ministra da Casa Civil mandaram atropelar os estudos e tocar as obras’’. De no que deu!
E a gente fica por aqui pensando: se Santo Antônio e Jirau provocaram desaparecimento de populações de peixes, o que acontecerá no Madeira – o 17º maior rio do mundo, um dos principais afluentes do Amazonas – com a construção de Belo Monte, uma das maiores, se não a maior obra prevista para aquela região?
É por essas e outras que a gente sempre reforça: essas construções até podem movimentar a economia, gerando empregos e energia para regiões pouco povoadas, mas o custo ambiental é enorme, não compensa a perda gigantesca de biodiversidade que teremos com obras faraônicas como essas.
Precisamos nos desenvolver, sim, mas com o mínimo de impacto ambiental. Precisamos investir fortemente em novas matrizes energéticas, incentivar financeiramente a adoção de energias renováveis, como a eólica. Até podemos ter benefícios a curto prazo com a construção de grandes obras como essas ao longo do rio Madeira, mas a médio e longo prazo o prejuízo é iminente, com a perda de biodiversidade que comprometerá não apenas aquela região específica, mas todo o planeta.
Estamos à beira da Rio+20, a grande conferência da ONU que se realizará agora, em junho, no Rio de Janeiro, para avaliar o que fizemos nos últimos 20 anos (desde a Rio-92) para reduzir as causas do efeito estufa e, sobretudo, o que faremos nas próximas duas décadas, quais metas estabeleceremos. E essa notícia, de desaparecimento de peixes, é um tapa na cara de quem deseja um mundo definitivamente mais sustentável.
Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. Sugestões de temas: fernando@masterambiental.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário